Muita gente diz que nada se compara ao olhar de um pai para o próprio filho — e um estudo confirma que isso não é só sensação. Pesquisadores da University of Southern California (USC) publicaram na revista Human Brain Mapping um trabalho com 32 pais de primeira viagem da região de Los Angeles, avaliados meses após o nascimento por meio de ressonância magnética funcional (fMRI).
O que fizeram
Os participantes assistiram a vídeos curtos: do próprio bebê, de bebês desconhecidos, de suas parceiras grávidas e de gestantes desconhecidas, enquanto os sinais cerebrais eram registrados. Comparando as reações, os pesquisadores observaram respostas mais fortes ao ver o próprio filho em áreas ligadas à regulação emocional, à sensação de recompensa e à cognição social.
Regiões envolvidas
As diferenças de ativação concentraram-se em estruturas como:
- pré-cúneo,
- cíngulo posterior,
- córtex orbitofrontal.
Essas áreas estão associadas a processos como mentalização (pensar sobre os estados mentais do outro) e ao processamento de recompensa. Os padrões neurais, além disso, apareceram correlacionados de forma positiva com indicadores de vínculo parental e de forma negativa com medidas de estresse e dificuldades de apego.
Por que importa
Pesquisas anteriores já mostravam que traços faciais típicos de bebês — olhos maiores, bochechas arredondadas — ativam respostas cuidadoras em mães por mecanismos hormonais e neurais. Este estudo amplia essa evidência para pais de primeira viagem, sugerindo que o cérebro paterno também se “acende” ao reconhecer o próprio filho.
O que isso quer dizer na prática? Os autores propõem que esses padrões de ativação podem funcionar como potenciais marcadores cognitivos da adaptação inicial à paternidade. Eles recomendam estudos futuros para verificar se essas respostas preveem a adaptação emocional a longo prazo e sugerem que os achados possam embasar programas de apoio à parentalidade em contextos locais, inclusive em municípios como Paulo Afonso, na Bahia.
Em resumo: há evidência neural de que, nos primeiros meses, ver o próprio bebê gera respostas cerebrais mais intensas em áreas ligadas ao vínculo e à recompensa — um dado que ajuda a entender melhor a transição para a paternidade sem tirar conclusões definitivas sobre causas ou efeitos a longo prazo.