A segurança de quem pratica esporte e a mobilidade urbana em Salvador ganharam um novo e urgente capítulo. Isso porque, motivados por um trágico atropelamento recente, dois vereadores da capital baiana protocolaram projetos legislativos na Câmara Municipal (CMS) nesta segunda-feira, 25 de setembro.
O estopim para essas propostas foi o grave acidente que chocou a cidade em 16 de agosto. Naquela manhã de sábado, o maratonista profissional Emerson Pinheiro foi brutalmente atropelado na orla da Pituba. O motorista, Cleydson Cardoso Costa Filho, estava, segundo a Polícia Militar, com sinais de embriaguez.
A tragédia teve consequências devastadoras para Emerson: ele perdeu a perna direita. Embora tenha saído da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em 23 de setembro, segue internado na enfermaria do Hospital Geral do Estado (HGE), lutando por sua recuperação. Já o responsável pelo atropelamento teve a prisão preventiva decretada e foi transferido para o Complexo Penal da Mata Escura. Uma história que, infelizmente, se tornou um símbolo da vulnerabilidade dos atletas nas ruas.
As Propostas em Pauta
Diante desse cenário, a vereadora Débora Santana (PDT) apresentou um Projeto de Indicação (PIN) com uma ideia que faz muito sentido: que a prefeitura estude a possibilidade de interditar vias importantes da capital baiana em manhãs de sábados e domingos. O horário sugerido, entre 5h e 8h, seria dedicado exclusivamente à prática de atividades físicas. A proposta foi direcionada ao prefeito Bruno Reis (União) e à Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador). Tentamos contato com a assessoria da vereadora para mais detalhes, mas não obtivemos resposta até o fechamento desta reportagem.
Paralelamente, o vereador Anderson Ninho (PDT) protocolou um Projeto de Lei com um objetivo ambicioso: o reconhecimento oficial da corrida de rua como uma prática esportiva urbana legítima. A proposta não apenas valoriza a modalidade, mas busca equiparar os direitos de mobilidade e segurança dos corredores aos dos ciclistas na cidade. Mas o que isso significa na prática?
- Criação de espaços públicos devidamente sinalizados para a prática da corrida;
- Implementação de campanhas educativas direcionadas ao respeito aos corredores;
- Estabelecimento de parcerias com entidades esportivas e federações;
- Incentivo à criação de circuitos urbanos oficiais;
- Integração da corrida em programas de saúde e lazer da cidade.
Em sua justificativa, Anderson Ninho destacou que a corrida de rua em Salvador não é mais uma atividade de nicho; ela já disputa popularidade com esportes tradicionais como o futebol e a capoeira. Ele ressaltou os inúmeros benefícios dessa modalidade para a saúde pública, combatendo problemas como obesidade, hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares, além de trazer ganhos para a saúde mental e impulsionar a economia local. É um esporte que transforma, concorda?
“Reconhecer oficialmente essa prática não é apenas um ato simbólico, mas uma medida concreta de promoção da saúde pública, da mobilidade urbana e da democratização do esporte”, afirmou o vereador Anderson Ninho em sua matéria. Uma declaração que sintetiza a importância social do projeto.
Agora, os projetos seguem o rito comum na Câmara Municipal, onde passarão pela análise das comissões antes de serem votados em plenário. A aprovação dessas medidas pode representar um passo gigante na forma como Salvador lida com a segurança e o incentivo à atividade física em suas ruas. Quem sabe, um futuro onde todos possam correr e se exercitar com a tranquilidade que merecem?