Imagine a seguinte cena: a esperança de um retorno, mesmo que parcial, e logo em seguida, a notícia de uma paralisação total. Pois é, parece roteiro de filme, mas é a realidade que moradores e trabalhadores de Vera Cruz e Mar Grande, na Bahia, estão vivendo.
Na última quarta-feira, dia 20, a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba) deu um pequeno alívio: autorizou a volta das lanchas que fazem a travessia entre Mar Grande e Salvador. Um respiro rápido, afinal, o serviço estava parado desde a interdição da ponte de acesso ao atracadouro em Vera Cruz, na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Mas a alegria durou pouco. A mesma Agerba já anunciou que, a partir da próxima sexta-feira, dia 22, o serviço será suspenso COMPLETAMENTE para obras no terminal. Um verdadeiro balde de água fria que gerou indignação e muitas críticas.
Pressão e o Impacto no Dia a Dia
Você pode estar se perguntando: por que liberar algo para suspender logo depois? A decisão da Agerba de retomar a operação de forma reduzida não veio do nada. Foi resultado de uma pressão enorme de gestores municipais, além de protestos de comerciantes e ambulantes de Vera Cruz. Para essa gente, a travessia não é só um transporte; é o sustento, é o vai e vem da economia local.
Com a interrupção iminente, a rotina de milhares de pessoas vai virar de cabeça para baixo. Moradores e trabalhadores terão que buscar rotas alternativas, como o ferry-boat em Bom Despacho, na vizinha Itaparica. O que isso significa na prática? Mais tempo no deslocamento, mais dinheiro gasto e, claro, um estresse adicional que ninguém precisa.
A Voz da Indignação: O Prefeito de Vera Cruz
Quem tem se manifestado de forma contundente é o prefeito de Vera Cruz, Igor Pinho. Ele não esconde a insatisfação com a maneira como todo o processo tem sido conduzido. Em uma declaração repercutida pelo Blog do Valente, parceiro do Bahia Notícias, Pinho deixou claro: ninguém é contra as reformas que são necessárias, mas a falta de diálogo e a ausência de alternativas emergenciais antes da paralisação são inaceitáveis.
“Nós soubemos da suspensão da travessia apenas pelas empresas que operam o serviço. Não houve informação da Agerba nem do Governo do Estado. Ninguém é contra a reforma, mas é preciso garantir alternativas e pensar em como ficam os inúmeros trabalhadores que dependem dessa atividade”, desabafou o prefeito.
E a falta de comunicação não para por aí. Igor Pinho também lembrou que a população local sequer foi consultada sobre a construção da nova ponte Salvador-Itaparica, um projeto que terá um impacto gigantesco na região. Essa sensação de que as decisões são tomadas de cima para baixo, sem ouvir quem realmente vive ali, é um ponto central das críticas de Vera Cruz.
E Agora? O que esperar?
A suspensão total das operações das lanchas, a partir de sexta-feira (22), para as obras no terminal de Vera Cruz é um fato. A prefeitura de Vera Cruz continua firme na cobrança por uma solução emergencial. A ideia é tentar minimizar os impactos negativos na vida da população e na economia local. Enquanto isso, o debate sobre a infraestrutura de transporte e a necessidade de um diálogo real entre o governo estadual e os municípios segue mais vivo do que nunca na região.