Imagine ter seu visto para os EUA negado por algo que você postou nas redes sociais. Pois é, a Casa Branca anunciou uma mudança que promete deixar as coisas bem mais rígidas para quem busca entrar no país, impactando diretamente brasileiros e cidadãos de outras nacionalidades.
O Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS) informou que passará a considerar o “antiamericanismo” como um critério para barrar solicitações de visto. Na prática, se você endossar opiniões que eles considerem “antiamericanas” nas suas redes sociais, seu pedido pode ser recusado.
Antiamericanismo: O que se sabe (e o que não se sabe)
Em um comunicado, o porta-voz do USCIS, Matthew Tragesser, deixou claro: os EUA não vão conceder benefícios “àqueles que desprezam o país”. A decisão, divulgada no perfil oficial da Casa Branca na plataforma X (antigo Twitter), indica que a análise das redes sociais será rotina.
Vistos poderão ser negados a estrangeiros que tenham “endossado, promovido, apoiado ou de outra forma defendido as opiniões de uma organização ou grupo terrorista – incluindo estrangeiros que apoiam ou promovem ideologias ou atividades antiamericanas, terrorismo antissemita e organizações terroristas antissemitas – ou que promovam ideologias antissemitas”.
O grande problema? A publicação não explica em detalhes quais ideologias se encaixam nesses critérios, deixando a interpretação nas mãos dos agentes de imigração. Essa falta de clareza pode gerar muita incerteza e decisões subjetivas.
Matthew Tragesser ainda reforçou a mensagem: “Os benefícios dos Estados Unidos não devem ser concedidos àqueles que desprezam o país e promovem ideologias antiamericanas. Os benefícios de imigração — incluindo viver e trabalhar nos EUA — continuam sendo um privilégio, não um direito.”
A tensão com o Brasil e a soberania
Esse discurso de “antiamericanismo” não é de agora e já causou atritos diplomáticos recentes. Nos últimos meses, a Casa Branca e seus executivos fizeram críticas diretas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusando-o de censura e perseguição política no Brasil.
Essas acusações estão ligadas a dois pontos principais: o processo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado e as ações de Moraes para conter abusos de grandes empresas de tecnologia americanas que atuam no Brasil. Em várias ocasiões, tanto o ministro quanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fizeram questão de reforçar a soberania brasileira em aplicar suas próprias leis no país.
O Pix na mira dos EUA
E as relações bilaterais não param por aí. O Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) está investigando o Pix, nosso sistema de pagamento instantâneo. O governo Lula, por sua vez, já enviou uma defesa formal para rebater as acusações de práticas comerciais desleais.
Essa resposta brasileira faz parte do processo de investigação americano, que busca justificar a imposição de tarifas sobre produtos do Brasil – uma medida que remete à gestão de Donald Trump.
A investigação sobre o Pix e a defesa brasileira são apenas mais um capítulo nas complexas relações econômicas e diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos nos tempos atuais.