A Polícia Civil da Bahia anunciou a implementação de uma nova operação para combater o crescente golpe do falso advogado. A medida é uma resposta direta a um pedido de providências da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Bahia (OAB-BA), em um esforço conjunto para conter a proliferação de fraudes que afetam cidadãos em todo o país, com reflexos significativos no estado.
O comunicado oficial foi feito pelo delegado Jorge Figueiredo, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia da Bahia e especialista em crimes digitais. O anúncio ocorreu durante o 3º Colégio de Presidentes de Subseções da OAB-BA, que reuniu lideranças da advocacia em Lençóis, na Chapada Diamantina.
Aumento de Casos e Ações Conjuntas
A decisão de instituir a operação especializada foi tomada após um encontro entre representantes da OAB-BA e da Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia, realizado na última quarta-feira (30), na sede da SSP. Na ocasião, a OAB-BA, por meio de sua presidenta Daniela Borges, do vice-presidente Hermes Hilarião, do presidente da Comissão de Direitos e Prerrogativas, Saulo Guimarães, e do secretário-geral adjunto da comissão, Luciano Leon, entregou um ofício ao secretário Marcelo Werner solicitando ações enérgicas contra o golpe. A reunião contou também com a presença do chefe de gabinete da SSP, Daniel Justo Madruga, e do chefe de gabinete da Polícia Civil, Ivo Tourinho.
O esquema criminoso envolve a utilização de dados públicos de advogados para ludibriar pessoas com processos judiciais em andamento. Em virtude do elevado número de vítimas, a OAB-BA já havia estabelecido um canal exclusivo para denúncias, que já contabiliza mais de 800 registros. Além disso, a Ordem desenvolveu uma cartilha preventiva e promoveu visitas institucionais. A mais recente delas foi na quinta-feira (31), quando a diretoria da seccional se reuniu novamente com o secretário Marcelo Werner para oficializar a formação de um Grupo de Trabalho dedicado ao tema.
Metodologia da Operação e Próximos Passos
Durante sua explanação no evento da OAB-BA, o delegado Jorge Figueiredo detalhou que a operação da Polícia Civil seguirá um modelo investigativo centralizado. Uma equipe especializada será responsável pela produção de conhecimento sobre o modus operandi do golpe, enquanto as delegacias territoriais terão a função de executar as ações. O objetivo é unificar a estratégia de combate, otimizando os recursos e a eficácia das investigações.
“No lugar de deixar cada unidade traçar uma linha de investigação, iniciaremos uma operação com uma produção de conhecimento e só iremos encaminhá-la para que as delegacias territoriais deem entrada nas cautelares e executem essas operações”, afirmou Figueiredo.
As operações estão programadas para serem deflagradas no segundo semestre deste ano, em um formato cíclico, visando maior efetividade. O delegado enfatizou a importância do diálogo contínuo com a OAB-BA, que será fundamental para a coleta de provas e o acesso a dados das vítimas.
A presidenta da OAB-BA, Daniela Borges, elogiou a iniciativa da Polícia Civil e reiterou o engajamento da instituição. Ela destacou que o material catalogado dos mais de 800 casos denunciados será uma contribuição valiosa para as investigações e para a construção de soluções que protejam tanto a advocacia quanto a sociedade. O Grupo de Trabalho recém-criado atuará em conjunto com as forças policiais para subsidiar as ações de repressão e prevenção ao golpe.