Cientistas investigam os efeitos dos microplásticos no organismo humano, um material amplamente disseminado no meio ambiente e presente em órgãos vitais, como o coração e o cérebro. Um novo estudo, que monitora voluntários que ingeriram as partículas intencionalmente, busca esclarecer o real impacto dessas substâncias na saúde.
O consumo de microplásticos, fragmentos poliméricos com menos de cinco milímetros, teve um aumento de seis vezes desde 1990. Estes elementos, que levam séculos para se decompor, são encontrados não apenas no solo, mas também na água potável, configurando uma presença quase ubíqua. A preocupação cresce à medida que estudos confirmam a detecção desses materiais em diversas partes do corpo, incluindo sangue, pulmões, e até mesmo na placenta, indicando uma exposição generalizada.
Tipos e Presença no Organismo
Os microplásticos se classificam em duas categorias principais. Os primários são fabricados para uso comercial, como microfibras em tecidos, esferas em cosméticos e equipamentos de pesca. Já os secundários resultam da fragmentação de itens plásticos de maior dimensão, a exemplo de garrafas e canudos descartados. A identificação dessas partículas em tecidos humanos levanta questionamentos sobre suas implicações biológicas.
Experimentos prévios sugerem que a exposição a esses materiais pode estar associada à progressão de condições neurológicas, como o Parkinson. Além disso, a presença de microplásticos no organismo é investigada em relação ao processo de envelhecimento celular e à saúde reprodutiva, com pesquisas recentes indicando um possível impacto na fertilidade masculina.
Pesquisa em Andamento
A investigação atual, ainda sem resultados publicados, acompanha oito voluntários que ingeriram microplásticos controladamente. A iniciativa visa mapear a trajetória dessas partículas no corpo, buscando compreender, por exemplo, como elas podem atravessar a barreira hematoencefálica e atingir o cérebro, possivelmente carreadas pela corrente sanguínea por meio de lipídios. Os dados coletados serão cruciais para aprofundar o conhecimento sobre os riscos potenciais que os microplásticos representam para a saúde humana, em um cenário de crescente contaminação ambiental.