A cidade de Belo Horizonte e a comunidade escolar do Colégio Santa Marcelina estão em luto após a confirmação do assassinato da professora Soraya Tatiana Bomfim França, de 56 anos, morta pelo próprio filho, Matteos França Campos, de 32 anos. O crime, que ocorreu na noite de quinta-feira (17), foi motivado por uma discussão acalorada sobre dívidas acumuladas por Matteos em casas de apostas e empréstimos consignados.
Desaparecimento e mobilização
O desaparecimento de Soraya foi notado na sexta-feira (18), quando Matteos, seu filho, registrou um boletim de ocorrência alegando não conseguir contato com a mãe. Ele relatou à polícia que teria viajado para a Serra do Cipó na noite anterior, deixando a mãe em casa, já pronta para dormir.
Preocupada, uma tia que mora no mesmo prédio foi acionada para verificar o apartamento, mas Soraya não foi encontrada. O carro da professora estava na garagem, mas seus óculos, celular e chaves haviam sumido. A comunidade escolar se mobilizou rapidamente, divulgando o desaparecimento nas redes sociais e realizando buscas em hospitais e no IML.
Descoberta do corpo e perícia
Na tarde de domingo (20), a Polícia Militar recebeu uma denúncia sobre um corpo encontrado sob um viaduto no Conjunto Caieiras, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O corpo estava coberto por um lençol, seminu, com marcas de violência sexual e queimaduras nas coxas. Próximo ao corpo, havia uma armação de óculos, que ajudou na identificação.
A perícia técnica da Polícia Civil foi acionada e, posteriormente, o corpo foi reconhecido oficialmente por Matteos no Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte.
Investigação e confissão
Durante as investigações, a Polícia Civil identificou inconsistências no depoimento de Matteos e, após análise de câmeras de segurança e outros indícios, concluiu que ele foi o único a ter contato com Soraya antes do desaparecimento.
Em coletiva de imprensa, a delegada Ana Paula Oliveira explicou que Matteos confessou o crime após ser confrontado com as provas. Ele relatou que a discussão com a mãe começou devido às constantes cobranças sobre sua situação financeira. Matteos acumulava dívidas em casas de apostas online e havia feito empréstimos consignados, o que gerou tensão familiar.
Segundo a polícia, após enforcar a mãe, Matteos tentou simular um crime sexual para despistar as investigações, retirando as roupas da vítima e provocando queimaduras. Em seguida, colocou o corpo no porta-malas do carro da mãe e o abandonou sob o viaduto.
Prisão e repercussão
Matteos França Campos foi preso na sexta-feira (25), na casa do pai, em Belo Horizonte. Ele ocupava um cargo comissionado na Secretaria de Desenvolvimento Social de Minas Gerais (Sedese), do qual foi exonerado após a prisão.
O caso gerou grande repercussão nas redes sociais e na imprensa, com manifestações de pesar de alunos, colegas e autoridades. O governador Romeu Zema parabenizou a polícia pela rápida elucidação do crime e reforçou o compromisso do estado no combate à violência.
Soraya Tatiana era licenciada em História pela PUC-MG e lecionava no Colégio Santa Marcelina desde 2017, onde era responsável por turmas do 7º e 9º anos. Reconhecida pela dedicação, empatia e paixão pelo ensino, Soraya também coordenava o tradicional Projeto Cidadania, que há mais de 20 anos incentiva alunos a pesquisar temas ligados à justiça social e cidadania.
Segundo a direção da escola, Soraya era uma professora admirada, sempre disposta a acolher alunos e colegas. “A marca dela era o sorriso e a gentileza com todos que encontrava”, afirmou a diretora pedagógica, irmã Roseli Hart. Ex-alunos também manifestaram pesar nas redes sociais, destacando o apoio e a sensibilidade da professora, especialmente durante a pandemia.
Situação atual e próximos passos
Matteos permanece preso e à disposição da Justiça. A Polícia Civil aguarda a conclusão dos laudos periciais para finalizar o inquérito. A investigação segue para esclarecer todos os detalhes da dinâmica do crime e possíveis desdobramentos.

