O governo dos Estados Unidos reiterou seu interesse em minerais críticos e estratégicos encontrados no Brasil, conforme informado nesta quinta-feira (24) por Raul Jungmann, presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). A manifestação foi feita por Gabriel Escobar, encarregado de negócios da embaixada americana no país, durante uma reunião com representantes do setor privado brasileiro.
De acordo com Jungmann, esta não é a primeira vez que o interesse americano é demonstrado; Escobar já havia abordado o tema há cerca de três meses. O presidente do Ibram ressaltou, contudo, que a entidade é privada e não possui prerrogativa para negociar institucionalmente com governos estrangeiros, reiterando que a pauta de negociações é de responsabilidade exclusiva do governo brasileiro.
Defesa da Soberania Nacional
Em resposta à sinalização de interesse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou ainda na quinta-feira (24), durante uma cerimônia de entregas governamentais em Minas Novas, em Minas Gerais. Lula adotou um tom enfático, defendendo a soberania do Brasil sobre suas riquezas naturais.
“Temos todo o nosso petróleo para proteger. Temos todo o nosso ouro para proteger. Temos todos os minerais ricos que vocês querem para proteger. E aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro”, declarou o presidente.
O presidente brasileiro complementou sua declaração pedindo respeito mútuo. “A única coisa que eu peço ao governo americano é que respeite o povo brasileiro como eu respeito o povo americano”, afirmou Lula, em recado direto sobre a autonomia do país.
Importância dos Minerais Críticos
Minerais críticos e estratégicos desempenham um papel fundamental na economia global contemporânea. Eles são essenciais para setores de tecnologia de ponta, como a fabricação de chips para celulares e computadores, e são cruciais para a transição energética.
As chamadas “terras raras”, uma parcela significativa desses minerais, são de especial relevância geopolítica. Brasil e China possuem as maiores reservas conhecidas desses elementos no mundo. Entre os minerais mais abundantes e vitais para a tecnologia moderna no Brasil estão nióbio, lítio, grafite, cobre, cobalto, urânio e os elementos terras raras.
Embora o Brasil detenha a segunda maior reserva mundial de terras raras, ficando atrás apenas da China, sua produção representa apenas 1% do total global. A demanda crescente por esses recursos, impulsionada pela transição energética e pela disputa tecnológica entre nações como Estados Unidos e China, tem aumentado a pressão sobre as cadeias de fornecimento.
O Brasil se destaca globalmente por reunir condições favoráveis para uma posição proeminente neste setor. O país possui reservas naturais abundantes, uma matriz energética limpa, estabilidade territorial, uma longa tradição mineradora e expertise técnica acumulada por instituições como o Serviço Geológico do Brasil e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).
Para otimizar seu potencial, o país precisa ir além da extração, investindo em pesquisa, atraindo parcerias estratégicas e desenvolvendo capacidades para refinar e agregar valor aos minérios antes da exportação. O governo Lula já tem sinalizado iniciativas nesse sentido, buscando incentivar a transformação mineral e formar parcerias com centros de pesquisa e inovação.