Salvador, BA – O Centro de Convenções de Salvador se transformou no epicentro da inovação tecnológica mundial com a RoboCup 2025. No evento, o Brasil não apenas marcou presença com a maior delegação entre 40 países, reunindo 200 talentos em 45 equipes, mas também conquistou uma vitória inédita na recém-lançada modalidade de robôs voadores. O feito reforça a posição do país como um protagonista global nos campos da robótica e da inteligência artificial.
Desde sua primeira edição, em 1997, a RoboCup expandiu seus horizontes, indo muito além do futebol de robôs para incluir simulações de resgates em desastres. Salvador, que sedia a competição pela segunda vez na história do Brasil, foi palco da estreia da categoria Flying Robots (Robôs Voadores). A modalidade, idealizada por universidades brasileiras, desafia drones autônomos a atuar em cenários de resgate e entrega de suprimentos. Se for oficializada como permanente, representará um grande avanço no uso da IA em operações de emergência.
A realização do evento na capital baiana foi possível graças à articulação da Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia (Semit), que também organizou o transporte para estudantes e caravanas de diversas cidades da Bahia. A expectativa da prefeitura é de que até 150 mil pessoas visitem o local gratuitamente, promovendo uma verdadeira imersão no universo da robótica e inspirando jovens a trilhar carreiras na área de tecnologia.
Futebol, resgate e a nova fronteira dos drones
Nas competições mais tradicionais, como a de futebol (Soccer), as equipes brasileiras enfrentam gigantes como Alemanha e China, tanto com robôs humanoides quanto com os não-humanoides. Na modalidade de resgate (Rescue), os times simulam cenários de desastre, onde os robôs precisam atravessar terrenos irregulares e identificar “vítimas” por meio de sensores e comandos de gestos.
“Cada desafio representa algo que o robô precisa fazer em uma emergência, preservando vidas sem expor humanos ao perigo”, explica Rafael Lang, vice-presidente da RoboCup Brasil, destacando a aplicação prática das competições.
A grande vitória brasileira veio na estreia da liga “Flying Robots”. Das quatro equipes na disputa, três eram do Brasil. A equipe BahiaRT, da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), sagrou-se campeã ao superar os adversários, mostrando a força da pesquisa local no desenvolvimento de tecnologias como deep learning para detecção de gestos e pousos precisos em bases móveis.
Um celeiro de novos talentos
Com mais de 3.000 participantes de 40 países, a RoboCup se firmou como um ponto de encontro para a troca de conhecimento. Caravanas de estudantes de escolas da rede estadual da Bahia também marcaram presença, exibindo projetos inovadores em áreas como visão computacional e robótica assistiva. Isso mostra que a competição é, acima de tudo, um espaço para formação e descoberta de novos talentos.
“Vir competir em casa é a maior oportunidade para nossos alunos. Queremos mostrar à juventude baiana que tecnologia é futuro”, ressalta Marco Simões, professor da Uneb e atual presidente da RoboCup Brasil.
A RoboCup 2025 em números:
- Países participantes: 40
- Equipes brasileiras: 45 (a maior delegação)
- Participantes brasileiros: 200
- Visitantes esperados: 150.000
- Países com mais equipes depois do Brasil: Alemanha (26) e China (17)
A RoboCup 2025 se encerra oficialmente no dia 21 de julho, mas deixa um legado importante: o possível estabelecimento da liga de drones, o fortalecimento das redes de pesquisa e o estímulo para que mais políticas públicas de incentivo à ciência e tecnologia sejam criadas. Com o triunfo em Salvador, o Brasil já se prepara para os desafios de 2026, com a certeza de que as tecnologias vistas aqui, em breve, farão parte do nosso dia a dia.