O Brasil deu um passo significativo no combate à dengue e outras arboviroses com o início da produção em larga escala da bactéria Wolbachia. A medida foi anunciada no último sábado (19) pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante a inauguração de uma biofábrica em Curitiba, no Paraná.
A unidade, considerada a maior do mundo dedicada a atender as demandas do Ministério da Saúde, é fruto de um investimento superior a R$ 82 milhões. A iniciativa é uma colaboração entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Wolbito do Brasil, Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e o World Mosquito Program (WMP).
Estratégia Inovadora
A tecnologia Wolbachia envolve a criação de mosquitos Aedes aegypti que carregam a bactéria. Essa bactéria impede o desenvolvimento de vírus como o da dengue, zika e chikungunya dentro do mosquito, bloqueando assim a transmissão para humanos. Antes, a produção era centralizada na biofábrica da Fiocruz, no Rio de Janeiro.
O ministro Alexandre Padilha ressaltou a vanguarda do país na aplicação da metodologia.
“Não existe nenhum lugar no mundo que produz a quantidade de mosquitos que nós passaremos a produzir aqui no Brasil com essa tecnologia inovadora, que já testamos em várias cidades do nosso país. Isso coloca o Brasil na linha de frente dessa tecnologia para o mundo”, afirmou Padilha.
Resultados Positivos e Economia
Adotada por 14 países, a tecnologia está em uso no Brasil há mais de uma década. Desde 2023, o Ministério da Saúde expandiu sua aplicação em regiões prioritárias, registrando impactos notáveis. Em Niterói, no Rio de Janeiro, por exemplo, os bairros que implementaram a tecnologia observaram uma queda de 69% nos casos de dengue. O município fluminense foi o pioneiro no Brasil a ter cobertura total da metodologia.
Além dos benefícios diretos para a saúde pública, o método apresenta um expressivo custo-benefício para o governo. Estimativas indicam que, para cada R$ 1 investido na produção de mosquitos com Wolbachia, o país pode economizar até R$ 500 em custos relacionados a medicamentos, internações e tratamentos de doenças transmitidas pelo mosquito.