Um menino de três anos morreu após ser picado por um escorpião-amarelo que estava escondido dentro de um tênis, em Cambará, no norte do Paraná, no último domingo (13). Bernardo Gomes de Oliveira, de 3 anos, se preparava para sair com a família quando calçou o sapato, que havia sido deixado secando em uma mureta. Ao vestir o segundo tênis, foi surpreendido pela picada e saiu correndo, gritando de dor. O escorpião foi encontrado posteriormente sob um tapete dentro da casa.
Segundo relatos dos pais, o bairro onde moram é novo e possui muitos terrenos baldios, o que pode favorecer a presença de animais peçonhentos. O pai de Bernardo já havia encontrado outros escorpiões na residência semanas antes do acidente.
Após o incidente, Bernardo foi levado ao Hospital Municipal de Cambará, onde recebeu os primeiros atendimentos. Devido à gravidade do quadro, foi transferido para a Santa Casa de Jacarezinho, município vizinho, para aplicação do soro antiescorpiônico. No entanto, a família relatou que o hospital não dispunha da quantidade necessária do antídoto: eram necessárias seis ampolas, mas apenas cinco estavam disponíveis. O menino foi então intubado e transferido de helicóptero ao Hospital Universitário de Londrina, onde teve 33 paradas cardíacas e não resistiu.
“Demorou [a chegada do helicóptero]. Eu creio que às vezes deve ter acontecido alguma coisa. Ninguém contou”, disse a mãe.
A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná informou que a distribuição de soro contra picadas de animais peçonhentos é centralizada em hospitais de referência e que, em casos de urgência, os municípios devem acionar a Regional de Saúde para acesso rápido ao insumo. No caso de Bernardo, a Regional de Jacarezinho não foi acionada pelos hospitais envolvidos, mesmo estando a cerca de 20 minutos de distância. Um processo de investigação foi aberto para apurar possíveis falhas no atendimento.
O caso gerou comoção em Cambará e acendeu o alerta para o risco de acidentes com escorpiões, especialmente em áreas urbanas com terrenos baldios. A prefeitura informou que divulgará orientações à população sobre prevenção e cuidados em casos de acidentes com animais peçonhentos.
A morte de Bernardo foi confirmada na tarde de segunda-feira (14), no Hospital Universitário de Londrina.
“Ele era um menino saudável. Sabe aquela criança que corre, cai, levanta e dá risada? Ele era uma criança independente. […] Para você ter uma noção, o tênis que ele pegou estava muito no alto, mais de um metro e meio de altura. Eu não sei falar para você como é que ele conseguiu pegar aquele tênis”, a mãe desabafou.