O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) detalhou a estratégia do governo federal em resposta às recentes tarifas aplicadas pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em entrevista concedida na noite da última quinta-feira (10) ao Jornal Nacional, o mandatário brasileiro reiterou suas críticas às medidas americanas e anunciou a intenção de submeter a questão à Organização Mundial do Comércio (OMC).
Medidas Econômicas
Durante a entrevista, Lula enfatizou a importância de cautela, afirmando que decisões precipitadas não serão tomadas. Ele assegurou que a Lei de Reciprocidade Econômica será utilizada somente em caso de necessidade. O presidente informou que, se uma solução diplomática não for alcançada até 1º de agosto, a legislação será acionada para taxar produtos originários dos Estados Unidos.
“O Brasil utilizará a Lei da Reciprocidade quando necessário e o Brasil vai tentar fazer com que a OMC tome uma posição para saber quem é que tá certo ou que tá errado. A partir daí, se não houver solução, nós vamos entrar com a reciprocidade já a partir de 1º de agosto, quando ele começa a taxar o Brasil”, afirmou o presidente.
Defesa Institucional
No mesmo dia, o presidente brasileiro também se manifestou em defesa do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi alvo de críticas por parte de Trump. O ex-presidente americano havia se referido a uma suposta “caça às bruxas” no Brasil. Lula refutou veementemente a alegação de que a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos tem sido prejudicial para a nação norte-americana, destacando um déficit comercial brasileiro de R$ 410 bilhões nos últimos quinze anos.
“É inaceitável que o presidente Trump mande uma carta pelo site dele dizendo que é preciso acabar com a caça às bruxas. Isso aqui tem Justiça e está sendo garantido o devido processo legal. Se alguém cometeu erro, será punido. Aqui no Brasil é assim. Nos últimos 15 anos, o déficit comercial do Brasil com os EUA é de R$ 410 bilhões. Então, por que essa taxa agora?”, questionou Lula.
Soberania e Repercussões
Lula classificou a tentativa de Trump de intervir na soberania nacional e no funcionamento do Judiciário brasileiro como “inadmissível”. O presidente acrescentou que a defesa do ex-presidente americano estaria ligada a acusações de tentativa de golpe e de planejamento de ações contra autoridades brasileiras, citando relatos de militares que estiveram com o ex-presidente.