Ravi de Souza Figueiredo, de apenas 2 anos, morreu após um procedimento para retirada de um grão de milho do nariz, em Goiatuba, no sul de Goiás. O caso, que aconteceu em abril deste ano, ganhou repercussão após a família denunciar possível erro médico no atendimento hospitalar. A Polícia Civil investiga o caso como homicídio culposo por imperícia, após laudo apontar falhas graves na conduta da equipe de saúde.
Segundo os pais, Ravi colocou um caroço de milho de pipoca em uma das narinas enquanto brincava em casa. Sem conseguir remover o objeto, a família levou o menino ao Hospital Municipal de Goiatuba. No local, a equipe médica tentou inicialmente retirar o grão com uma pinça, mas não obteve sucesso. Em seguida, um profissional utilizou uma cânula de borracha, por onde foi aplicado ar comprimido na narina da criança, na tentativa de desalojar o milho.
Após o procedimento, Ravi apresentou inchaço abdominal e vômitos. Os médicos afirmaram que o quadro era normal e prescreveram medicação para gases, mantendo o menino em observação por algumas horas antes de liberá-lo para casa. No entanto, o estado de saúde de Ravi piorou rapidamente: ele ficou abatido, com fraqueza e dificuldade para falar, levando os pais a retornarem ao hospital.
Na segunda ida à unidade, a equipe realizou novos exames e decidiu transferir Ravi para Goiânia. Durante o trajeto, o menino teve uma piora súbita, com dificuldade respiratória, e foi levado às pressas ao Hospital Municipal de Hidrolândia, onde não resistiu e morreu.
“Vi a hora que a enfermeira baixou a cabeça (…) Ela falou: Infelizmente, seu filho veio a óbito. Aí eu já entrei em desespero”, disse a mãe, Priscila Marta de Souza, à TV Anhanguera.
O laudo da Polícia Científica apontou insuficiência respiratória aguda como causa da morte. Segundo o delegado responsável pelo caso, o procedimento realizado no hospital de Goiatuba foi inadequado. O uso da cânula de ar comprimido teria provocado o rompimento do pulmão e do estômago da criança, agravando o quadro clínico e levando ao óbito.
A defesa da família sustenta que houve negligência e pede responsabilização da equipe médica. O advogado da família argumenta que a conduta pode ser enquadrada como homicídio doloso indireto, quando se assume o risco de provocar o resultado.
O Hospital Municipal de Goiatuba informou, em nota, que está colaborando integralmente com as investigações e reforçou o compromisso com a transparência e a responsabilidade no atendimento à população. Até o momento, a Prefeitura de Hidrolândia não se manifestou sobre o caso.
O inquérito policial segue em andamento para apurar as circunstâncias do atendimento e eventuais responsabilidades dos profissionais envolvidos.