O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), expressou nesta segunda-feira (7) sua preocupação com o montante de emendas parlamentares no Brasil, durante entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. O chefe da pasta questionou a eficácia do atual modelo de alocação de recursos públicos.
Costa levantou o questionamento sobre a aplicação de quase metade do orçamento federal livre, que, segundo ele, é distribuída em um “efeito aerossol” por meio de emendas. Ele argumentou que tais verbas poderiam ser direcionadas para áreas estratégicas como logística, infraestrutura, ciência, tecnologia, educação e saúde, visando reduzir custos estruturais e promover o desenvolvimento.
Cenário político e articulação
A declaração do ministro surge em um período de desafios na relação entre o Executivo e o Legislativo. Recentemente, o Congresso Nacional derrubou um decreto governamental que propunha o aumento das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
Em meio a esse cenário, setores governistas têm intensificado a retórica do conflito, promovendo a ideia de uma “luta entre pobres e ricos” e utilizando campanhas digitais, inclusive com vídeos gerados por inteligência artificial, para defender a “taxação BBB” (bilionários, bets e bancos).
Apesar das tensões, Rui Costa minimizou as dificuldades, destacando vitórias do governo em votações no Congresso. Ele ressaltou a importância de não desconsiderar os avanços obtidos nos últimos dois anos e afirmou que é preciso “voltar a sentar com os líderes” do Legislativo nesta semana para reestabelecer o diálogo.
Relações com o Congresso e outros ministros
O ministro da Casa Civil manifestou otimismo em reatar o relacionamento com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
Questionado sobre a recente aprovação de um projeto que amplia o número de deputados na Câmara, Costa considerou “pouco provável” que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancione a medida. A decisão final poderá ser delegada ao presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre, caso o presidente opte por não sancionar a nova legislação.
Por fim, Rui Costa negou qualquer atrito com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e descartou problemas de comunicação com outros membros do governo, classificando eventuais divergências como “naturais”.