Uma nova pesquisa internacional aponta que a exposição a níveis elevados de luz durante o período noturno pode aumentar significativamente a probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares graves. O estudo, conduzido por cientistas do Flinders Health and Medical Research Institute, em colaboração com pesquisadores do Reino Unido e dos Estados Unidos, analisou dados de mais de 88 mil participantes do UK Biobank.
Entre os anos de 2013 e 2016, os voluntários utilizaram sensores de luz em seus pulsos por uma semana. Os diagnósticos de saúde foram monitorados até 2022. Os resultados dessa investigação foram disponibilizados no servidor medRxiv, uma plataforma de pré-publicação de artigos científicos.
Impacto no sistema circulatório
Ao correlacionar a intensidade da luz noturna à qual os participantes foram expostos com os registros de saúde do NHS (serviço de saúde inglês), os pesquisadores identificaram uma relação direta e proporcional entre a iluminação e a ocorrência de cinco condições cardíacas e vasculares sérias. São elas:
- Doença arterial coronariana
- Infarto do miocárdio
- Insuficiência cardíaca
- Fibrilação atrial
- Acidente Vascular Cerebral (AVC)
Os indivíduos que apresentaram os maiores níveis de exposição à luz durante a noite tiveram um risco elevado de 23% a 56% para o desenvolvimento dessas patologias. Este risco permaneceu significativo mesmo após o ajuste para diversos fatores, como idade, sexo, hábitos de vida, padrões de sono, predisposição genética e condição socioeconômica.
A análise detalhada revelou ainda que mulheres mostraram maior propensão para insuficiência cardíaca e doença coronariana, enquanto os participantes mais jovens demonstraram maior vulnerabilidade à insuficiência cardíaca e à fibrilação atrial.
Desregulação biológica e prevenção
Os cientistas explicam que a luz artificial durante a noite é capaz de desorganizar os ritmos circadianos do corpo humano, o que, por sua vez, pode comprometer funções essenciais do sistema cardiovascular e metabólico. Esse desalinhamento biológico pode resultar em diversas alterações prejudiciais ao organismo, incluindo:
- Desequilíbrios hormonais
- Elevação da pressão arterial
- Disfunção endotelial
- Processos inflamatórios
- Aumento do risco de trombose
- Ocorrência de arritmias cardíacas
Diante desses achados, os autores do estudo recomendam a diminuição da exposição à luz intensa no período noturno. Para isso, sugerem a implementação de estratégias de controle da iluminação em ambientes como residências, hospitais e áreas urbanas, visando a harmonização com os ciclos naturais do organismo. Essa medida é vista como um complemento valioso às abordagens tradicionais de prevenção de doenças cardiovasculares.