Líderes do Brics manifestaram apoio a Dilma Rousseff na presidência do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conforme declaração final da cúpula realizada no Rio de Janeiro, divulgada neste domingo (6). O endosso público à ex-presidente brasileira ocorre em um cenário de contínuas críticas relacionadas à sua gestão à frente da instituição financeira.
Dilma, que assumiu o comando do NDB em março de 2023, foi reconduzida para um mandato de cinco anos. Sua indicação para o cargo e subsequente recondução foram resultado de uma articulação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com apoio do presidente russo Vladimir Putin.
“Apoiamos plenamente a liderança da presidente Dilma Rousseff, cuja recondução recebeu forte apoio de todos os membros, e saudamos o firme progresso do banco em direção à sua consolidação como uma instituição global para o desenvolvimento e a estabilidade”
diz um trecho da declaração. O texto ainda enfatiza o compromisso compartilhado de fortalecer mecanismos financeiros que promovam o desenvolvimento no Sul Global.
No entanto, a gestão de Dilma tem sido alvo de diversas críticas. Relatos apontam para metas estratégicas atrasadas, que deveriam ser cumpridas no período de 2022 a 2026. Além disso, a Folha de S.Paulo revelou alegações de assédio moral e um número expressivo de demissões, com pelo menos 46% dos funcionários brasileiros (14) deixando o NDB desde sua chegada. A situação interna é descrita nos bastidores como disfuncional, levando a uma percepção de paralisia.
Expansão e Financiamento
Apesar das controvérsias, o comunicado dos líderes do Brics, grupo que criou o NDB em 2014, projeta um futuro promissor para a instituição. A declaração afirma que o banco “se prepara para embarcar em sua segunda década de ouro de desenvolvimento de alta qualidade”, reconhecendo seu papel como um agente estratégico para o desenvolvimento e modernização no Sul Global. O documento também destaca a capacidade do NDB de:
- Mobilizar recursos.
- Fomentar a inovação.
- Expandir o financiamento em moeda local.
- Diversificar as fontes de financiamento.
- Apoiar projetos de impacto que promovam desenvolvimento sustentável, redução de desigualdade, investimentos em infraestrutura e integração econômica.
Dilma Rousseff, em anúncios no Brasil, informou a aprovação de US$ 6,3 bilhões em financiamento para 29 projetos no país, dos quais US$ 4 bilhões já foram desembolsados. Ela também salientou o objetivo de aumentar a captação e o financiamento em moedas locais para fortalecer os mercados domésticos.
Os países do Brics expressaram forte apoio à expansão do NDB. Durante a reunião anual do banco, também no Rio, foi anunciada a aprovação da entrada da Colômbia e do Uzbequistão. Com isso, o NDB agora possui 11 membros, incluindo Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Bangladesh, Egito, Argélia, Colômbia e Uzbequistão.
O comunicado final reitera o incentivo à contínua expansão de membros e ao fortalecimento da estrutura de governança do banco, visando maior resiliência e eficácia operacional.