Uma mulher identificada como Flávia Cunha Costa, de 42 anos, morreu por desnutrição grave após ser mantida em cárcere privado pela pastora Marleci Ferreira de Araújo e seu marido, Ronnyson dos Santos Alcântara, em Belém, no Pará.
Segundo a Polícia Civil do Pará, Flávia era submetida a maus-tratos físicos e psicológicos, sendo obrigada a realizar jejuns prolongados e trabalhos domésticos, além de viver isolada da família. A denúncia chegou à polícia em maio deste ano, quando agentes encontraram a vítima visivelmente debilitada, mas ela negou as acusações, alegando amizade com o casal e intolerância religiosa por parte dos familiares. Mesmo assim, a polícia constatou condições precárias de moradia e sinais de alienação emocional.
A pastora Marleci, que atuava publicamente há mais de 11 anos como líder religiosa, terapeuta cristã e sensitiva espiritual, não possuía formação nas áreas em que se apresentava. Investigações apontam que ela e o marido induziam seguidores a vender bens e entregar valores ao ministério, além de impor regras rígidas e punições severas, como consumo de alimentos estragados e proibição de higiene.
No dia 19 de junho, Flávia foi levada ao Pronto-Socorro Municipal do Guamá pelo casal, que se apresentou como vizinho e a deixou no local sem documentos. Após a equipe médica constatar a gravidade do quadro e acionar a assistência social, o casal fugiu. O laudo médico confirmou a morte por desnutrição severa.
Familiares relataram que tentaram resgatar Flávia, mas não conseguiram convencê-la a deixar o local devido à manipulação psicológica sofrida. Ex-seguidores afirmam que outras pessoas também foram vítimas de privações e abusos sob o pretexto de “purificação espiritual”.
Na manhã de sexta-feira (4), a Polícia Civil prendeu preventivamente Marleci Ferreira de Araújo e Ronnyson dos Santos Alcântara, que negam as acusações. O caso segue sob investigação para apurar a existência de outras vítimas e a extensão dos crimes cometidos.