Salvador se prepara para sediar o tradicional Baile da Independência nesta quinta-feira (3), a partir das 18h, no Campo Grande. O evento, que integra a programação oficial das celebrações do 2 de Julho, promete unir civismo, história e música de qualidade em uma celebração aberta ao público.
A noite especial será marcada por uma homenagem ao renomado sambista Walmir Lima, ícone da música baiana, que terá sua obra reverenciada com arranjos exclusivos e a participação de diversos artistas. A organização do baile é uma iniciativa da Prefeitura de Salvador, através da Fundação Gregório de Mattos (FGM) e da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult).
Celebração Histórica e Artística
O palco do evento será montado próximo ao Monumento aos Heróis do 2 de Julho, em um cenário que remete aos antigos bailes de quermesse do século XIX, que eram parte essencial das festividades da Independência do Brasil na Bahia. Além da orquestra sob a regência do maestro Fred Dantas, o público contará com a presença da jovem Letícia Coutinho, em ascensão na cena musical local, e do cantor Mário Bezerra, colaborador de longa data da Orquestra.
O repertório da Orquestra de Fred Dantas foi cuidadosamente selecionado para a ocasião, iniciando com uma versão especial do “Hino ao Dois de Julho” para voz e orquestra popular, visando evocar o espírito cívico da data. A programação musical incluirá uma vasta gama de estilos, abrangendo desde o axé music e a música afro-baiana até o swing americano e o choro brasileiro, com composições autorais do maestro e clássicos dançantes. Entre as canções de Walmir Lima a serem destacadas, estão “Mudança da Ribeira”, “Santo Amaro é uma Flor” e a emblemática “Ilha de Maré”, conhecida por muitos como um hino afetivo do povo baiano.
Significado da Música e Legado
Para o maestro Fred Dantas, o Baile da Independência transcende a esfera do entretenimento, representando um momento de ocupação pacífica e alegre do espaço público, onde a música reforça seu papel como manifestação da liberdade e da identidade cultural da Bahia.
“É uma festa muito leve para curtir. É a manutenção de uma tradição que Salvador sempre teve de ter orquestras clássicas e populares. O Baile junta isso aos festejos do 2 de Julho, que no dia anterior vão trazer seis filarmônicas da capital e do interior. Então é uma maneira muito nossa de comemorar”, declarou Fred Dantas.
Aos 94 anos, Walmir Lima expressou sua satisfação em ser homenageado em um evento tão significativo para a Independência da Bahia. “Me sinto tremendamente orgulhoso, muito orgulho mesmo. É uma coisa muito especial participar dessa apresentação que relembra a data mais importante da história do nosso estado”, afirmou o artista, que dedicou mais de sete décadas à música.
Trajetória e Influência
Neto do violeiro João Lima e filho do maestro Carlos Lima, Walmir teve seu contato com a música popular e erudita desde cedo. Sua composição mais famosa, “Ilha de Maré”, foi gravada por Alcione em 1977 e é amplamente reconhecida como um clássico, sendo considerada o segundo hino da Festa do Bonfim por muitos. A canção, posteriormente regravada por Mariene de Castro, mantém sua relevância ao conectar o sagrado e o popular na cultura baiana.