Estudantes da zona rural de Paulo Afonso, no Vale do São Francisco, Bahia, têm enfrentado uma rotina exaustiva para garantir o direito à educação. Com as chuvas intensas dos últimos dias, estradas de terra ficaram tomadas pela lama, obrigando crianças e adolescentes a caminharem entre 10 e 12 quilômetros diariamente para chegar à escola na sede do município.
Segundo relatos de pais e moradores, a situação se agravou devido à precariedade do transporte escolar. Alguns ônibus estão em condições inadequadas, com poltronas rasgadas e falta de conforto, enquanto outros veículos simplesmente não conseguem trafegar pelos trechos mais críticos das estradas rurais. “São jovens que querem estudar, mas enfrentam obstáculos que não são resolvidos pela Prefeitura”, desabafa um pai de aluno.
A denúncia ganhou força nas redes sociais e em portais de notícias locais, onde vídeos mostram a realidade dos estudantes do Barro Vermelho e Casa de Pedra. Enquanto isso, o município de Paulo Afonso prevê gastar quase R$ 4 milhões com atrações para o São João, incluindo cachês de artistas renomados, como Zé Ramalho.
Em janeiro, a cidade recebeu do Governo do Estado um novo ônibus escolar, parte do programa Caminho da Escola, que visa atender estudantes de áreas rurais. Apesar disso, a demanda segue acima da capacidade de atendimento, especialmente em períodos de chuva.
Em resposta ao Portal A TARDE, a Prefeitura de Paulo Afonso negou as denúncias e afirmou que todas as rotas estão cobertas, mas reconheceu que, devido às chuvas, há pontos intransitáveis. A gestão informou ainda que a unidade escolar envolvida foi orientada, antes da liberação dos alunos, para não submetê-los à caminhada. Além disso, foi requisitada à secretaria de infraestrutura a melhoria imediata dos trechos sensíveis, visando a correção e o retorno do tráfego.