O ex-ministro do Turismo do governo Bolsonaro, Gilson Machado, foi preso pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (13), em Recife (PE). A prisão ocorreu após investigações apontarem que Machado teria tentado facilitar a fuga do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, por meio da obtenção de um passaporte português em maio deste ano.
Segundo a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR), há indícios de que Gilson Machado procurou o Consulado de Portugal em Recife para tentar emitir o documento em nome de Mauro Cid, com o objetivo de viabilizar sua saída do Brasil. A suspeita é de que a ação buscava atrapalhar o andamento de investigações relacionadas à chamada “trama golpista” e outras apurações em curso, como o caso das joias e a suposta estrutura paralela na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro.
Machado, que também foi candidato à prefeitura de Recife em 2024 pelo PL, negou qualquer irregularidade. Em declaração ao jornal O Globo, afirmou que procurou o consulado para tratar de assuntos familiares, e não para beneficiar Mauro Cid. “Estou surpreso. Nunca fui atrás de nada a respeito de Mauro Cid. Tratei do passaporte para o meu pai”, disse o ex-ministro.
A PGR, no entanto, considera que as informações reunidas pela PF sugerem uma tentativa de obstrução da instrução processual da Ação Penal n. 2.688/DF, além de possível favorecimento pessoal. O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de inquérito, bem como a realização de busca e apreensão e quebra de sigilo telefônico e de mensagens de Machado.
Mauro Cid, por sua vez, declarou que não houve pedido de passaporte e que não tinha interesse em deixar o país. Seu advogado, Cezar Bitencourt, reforçou que não havia intenção de fuga.
Gilson Machado permanece detido e deve ser encaminhado à sede da Superintendência da Polícia Federal em Recife. O caso segue sob investigação, e novas diligências podem ser realizadas nos próximos dias.