O uso indiscriminado da tadalafila, medicamento indicado para o tratamento da disfunção erétil, tem crescido de forma alarmante no Brasil, especialmente entre jovens e pessoas que buscam melhorar o desempenho sexual ou físico. Segundo dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), as vendas do remédio saltaram de 21,4 milhões de caixas em 2020 para 64 milhões em 2024, colocando a tadalafila entre os medicamentos mais vendidos do país.
Especialistas alertam que o uso sem prescrição médica pode causar dependência psicológica, quando o usuário passa a acreditar que só é capaz de ter uma vida sexual satisfatória com o auxílio do medicamento. O urologista Diego Marques explica que, embora a tadalafila não cause dependência física, o uso frequente pode gerar um ciclo de insegurança e ansiedade, tornando o indivíduo refém do remédio.
Além do risco de dependência, o uso inadequado pode provocar efeitos colaterais como dor de cabeça, queda de pressão, congestão nasal, priapismo (ereção prolongada e dolorosa) e até complicações cardiovasculares graves, principalmente quando associado a outros medicamentos vasodilatadores. A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) reforça que a tadalafila deve ser utilizada apenas sob orientação médica, já que o diagnóstico da disfunção erétil pode ter causas orgânicas ou psicológicas, exigindo abordagem individualizada.
O crescimento do consumo entre jovens é atribuído, em parte, à facilidade de acesso ao medicamento, que pode ser adquirido sem receita em muitas farmácias, e à busca por soluções rápidas para inseguranças relacionadas ao desempenho sexual. Médicos alertam que, em muitos casos, a disfunção erétil em jovens tem origem psicogênica e pode ser tratada com acompanhamento psicológico, sem necessidade de medicamentos.
Diante do cenário, especialistas recomendam que o uso da tadalafila seja interrompido imediatamente em casos de automedicação e que pacientes busquem orientação profissional para avaliação adequada. O acompanhamento médico é fundamental para evitar riscos à saúde e garantir o tratamento correto de eventuais disfunções.
A Anvisa e entidades médicas reforçam a importância de campanhas de conscientização sobre o uso racional de medicamentos e a necessidade de consultas regulares ao urologista para prevenção e diagnóstico precoce de doenças do sistema urinário e reprodutor masculino.