Maria Marighella, atriz, ex-vereadora e atual presidente da Funarte, falou sobre a situação do teatro em Salvador. Ela destacou que políticas públicas são cruciais para manter viva a linguagem cênica, especialmente diante das mudanças que o país atravessa.
“O teatro nunca vai morrer, assim como o circo tradicional”, afirmou Marighella em entrevista. “A arte sempre terá seu lugar. Mas isso não significa que o teatro não precise de atenção. É fundamental investigar e reformular as políticas públicas para a área.”
Os Desafios do Palco Soteropolitano
Mesmo de longe, Marighella acompanha o cenário teatral de Salvador. Para ela, as dificuldades que os artistas enfrentam hoje refletem as novas formas de consumir cultura e as transformações na cidade. A segurança pública, por exemplo, afeta a decisão das pessoas de sair de casa para ir ao teatro.
Outros fatores, como o custo do transporte e da alimentação perto dos espaços culturais, pesam no orçamento do espectador. “Não se trata só de fazer teatro”, explicou. “Precisamos pensar em como a produção é financiada e como o público acessa essa arte.”
A gestora da Funarte reforça que o poder público precisa investir constantemente nas artes. Isso é necessário para proteger essas expressões das pressões do mercado. “Assim como os blocos afros no carnaval têm políticas que os protegem, o teatro também necessita desse amparo, de políticas fortes e atualizadas.”
O Exemplo do Teatro Maria Bethânia
Marighella recordou a história do Teatro Maria Bethânia, no Rio Vermelho, um espaço simbólico em Salvador. Ele foi importante na década de 1990, mas fechou por falta de apoio e políticas de incentivo. Depois, virou casa de bingo e churrascaria.
Hoje, no local do antigo teatro, funciona uma clínica. “É um sinal de que, quando a arte morre, a sociedade adoece”, comentou a atriz. Ela lembrou que, em 1994, artistas tentaram evitar o fechamento, mas não conseguiram sem uma lei de incentivo ou apoio público.
Isso, segundo ela, mostra por que espaços culturais, mesmo que sejam privados, devem ser vistos como de interesse público. Reconhecer as dificuldades do setor artístico, disse Marighella, não é fraqueza, mas sim lucidez e compromisso. “Toda crítica e proposta sobre o teatro é válida. É melhor ouvir e agir.”
Marighella finalizou afirmando que o teatro não vai morrer, mas pode desaparecer de locais importantes se as políticas públicas não garantirem seu espaço.