O ex-BBB Davi Brito, que conquistou milhões de fãs após sua vitória no reality show da Globo, viu seu novo empreendimento digital desmoronar antes mesmo de decolar completamente. A loja virtual “De Guê?”, lançada com grande expectativa nas redes sociais, acabou envolvida em duas polêmicas consecutivas que expuseram falhas graves na estratégia do baiano.
A primeira controvérsia veio antes mesmo da inauguração oficial. Davi recebeu uma notificação extrajudicial por tentar comercializar produtos com o bordão “calma, calabreso” – expressão que ajudou a popularizar durante sua participação no BBB 24, mas que não lhe pertence legalmente.
O humorista Toninho Tornado, verdadeiro criador da expressão, já havia registrado a marca no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) em fevereiro de 2024, o que lhe garante direitos exclusivos sobre seu uso comercial. Ao tomar conhecimento das intenções de Davi, o humorista agiu rapidamente.
“Davi Brito nunca pediu qualquer autorização para trabalhar com a marca ‘calma, calabreso’. Isso fere a marca do Toninho. O bordão dele está registrado desde fevereiro de 2024, e ele já é muito conhecido por conta deste bordão”, explicou Jefferson Tadeu Guilherme, advogado do humorista, em entrevista ao portal UOL.
A notificação judicial forçou o ex-BBB a:
- Retirar todas as peças com o bordão “calma, calabreso” do catálogo
- Adiar o lançamento da loja em dois dias
- Remover propagandas com a expressão de suas redes sociais
- Substituir algumas estampas por variações como “Calma, Toscaneto”
Após resolver parcialmente a questão dos direitos autorais e finalmente inaugurar a loja no dia 14 de maio, Davi enfrentou um segundo escândalo. A coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, revelou que o site utilizava uma ferramenta que exibia números falsos de vendas e visitantes.
As páginas dos produtos mostravam frases como “[X] vendidos nas últimas [Y] horas” e “há outros [Z] clientes vendo esse produto agora”, com números que mudavam aleatoriamente a cada atualização da página. Uma análise técnica do código do site comprovou que os dados eram gerados artificialmente:
- A função produzia números aleatórios entre 5 e 30 pessoas supostamente online
- Indicava falsamente entre 5 e 30 itens vendidos
- Mostrava períodos fictícios de 5 a 12 horas de atividade
“Testes feitos pela coluna mostraram que os números mudavam sem ordem específica cada vez que a página era atualizada”, reportou Mônica Bergamo, que também destacou que “uma análise do código do site revelou comandos para a geração dos dados de maneira aleatória”.
Após ser procurado pela imprensa para esclarecimentos, Davi rapidamente removeu a ferramenta de números falsos do site na tarde do dia 15 de maio. No entanto, o ex-BBB não se manifestou publicamente sobre nenhuma das duas controvérsias, mantendo silêncio mesmo diante da repercussão negativa nas redes sociais.
Vale lembrar que esta não é a primeira vez que o bordão “calabreso” causa problemas jurídicos. No ano passado, Mani Reggo, ex-companheira de Davi, também tentou registrar a marca para uso em sua barraca de lanches em Salvador, mas foi igualmente barrada pela equipe de Toninho Tornado, que comprovou usar a expressão desde 2018.
A loja “De Guê?” segue no ar, agora sem os produtos relacionados ao bordão polêmico e sem os indicadores falsos de vendas. Especialistas em e-commerce apontam que práticas como essas podem configurar publicidade enganosa e prejudicar a confiança dos consumidores.