A influenciadora Débora Dunhill expôs uma situação alarmante que viveu no início de 2024. Durante aproximadamente três meses, seu ex-parceiro aplicava doses do medicamento Ozempic em seu corpo sem consentimento, enquanto ela dormia sob efeito de remédios para ansiedade. O caso levanta questões sobre violação corporal e manipulação em relacionamentos abusivos.
“Ele fazia isso enquanto eu dormia. Eu não sabia. Quando descobri, entrei em choque. Não era só sobre aparência, era sobre me controlar, decidir o que eu deveria ser sem me consultar”, relatou Débora em entrevista recente.
Descoberta traumática
A influenciadora só percebeu que algo estava errado após notar uma perda de peso significativa e rápida, mesmo sem mudanças em sua alimentação ou rotina diária. Ao confrontar o então namorado, veio a confissão: ele estava aplicando Ozempic escondido.
O medicamento, que tem como princípio ativo a semaglutida, é aprovado pela Anvisa para tratamento de diabetes tipo 2, mas ganhou popularidade nos últimos anos como método para emagrecimento – uso considerado “off label” (fora da bula).
Relacionamento tóxico e pressão estética
Além do uso não consentido da medicação, Débora enfrentava uma rotina de comentários ofensivos e pressão estética dentro do relacionamento.
“Ele me chamava de gorda e velha, e me trocou por uma mulher mais magra e mais nova. Nunca aceitou meu corpo do jeito que era. Isso me causou um desespero real para emagrecer, um sentimento de invalidação total”, desabafou a influenciadora.
Não é caso isolado
Este não é um caso isolado. Em fevereiro deste ano, um homem relatou situação semelhante em um podcast, revelando que seu namorado aplicava Ozempic nele enquanto dormia. A vítima contou que estava acima do peso, mas não se sentia desconfortável com seu corpo, enquanto o parceiro insistia que ele deveria emagrecer.
Riscos à saúde
O uso não supervisionado de Ozempic pode causar diversos efeitos colaterais, incluindo:
- Náuseas e vômitos
- Diarreia e dor estomacal
- Fadiga e hipoglicemia
- Pancreatite e pedra na vesícula
- Desidratação e perda de massa muscular
“A pessoa usa de maneira totalmente despropositada, para um emagrecimento que não é indicado, para atingir metas estéticas que não são saudáveis”, alerta Ana Flávia Torquato, endocrinologista e nutróloga.
Manipulação e controle
Para especialistas, casos como o de Débora revelam um problema mais profundo que vai além da questão estética.
“A pessoa que não tem doença se submete ao uso de medicamento para seguir um padrão estético social que está sendo imposto”, explica a endocrinologista Lorena Lima Amato.
No caso de Débora, a situação foi facilitada pelo uso de medicamentos para dormir que ela tomava por conta de crises de ansiedade. “Ele sabia que eu dormia profundamente com o remédio, e usou isso para fazer o que queria com o meu corpo”, relatou.
O caso da influenciadora Débora Dunhill expõe não apenas os perigos do uso inadequado de medicamentos para emagrecimento, mas também as dinâmicas tóxicas que podem se estabelecer em relacionamentos onde o controle sobre o corpo do outro se torna uma forma de abuso.