O Atlas da Violência 2024 fala sobre o perfil das vítimas da violência letal no Brasil, e um dado fala alto: mais de 92% das pessoas que perderam a vida para a violência em 2023 eram negras.
O estudo mostra que, das 6.616 mortes registradas, 6.088 atingiram pessoas negras, incluindo pretas e pardas, enquanto apenas 420 vítimas eram não negras. Essa diferença grande mostra bem o racismo estrutural no nosso país.
Onde mais acontece?
A Bahia aparece na frente no número de pessoas negras assassinadas, com 6.088 mortes no estado. Isso representa quase a totalidade das vítimas de homicídio por lá em 2023 e deixa a Bahia bem adiante dos outros estados brasileiros.
O Rio de Janeiro vem em segundo, com 3.195 mortes de pessoas negras, seguido por Pernambuco (3.106), Ceará (2.711) e Pará (2.291).
O cenário muda bastante quando olhamos para as vítimas não negras. O Rio Grande do Sul registrou o maior número, com 1.466 mortes, seguido por São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais.
Curiosamente, a Bahia fica na oitava posição para mortes de não negros, atrás até de Pernambuco e Santa Catarina. Essa comparação faz a gente pensar, não é?
Desigualdade também no gênero
A diferença racial também atinge as mulheres com força. Em 2023, 411 mulheres negras foram assassinadas no Brasil, formando a grande maioria das vítimas femininas de homicídio.
O número de mulheres não negras mortas foi bem menor, apenas 47, uma diferença de quase dez vezes. Isso mostra a situação mais difícil que mulheres negras enfrentam aqui.
Os números por 100 mil habitantes contam a mesma história de desigualdade racial. A taxa para pessoas negras é de 50,8 homicídios por 100 mil.
Para pessoas não negras, essa taxa é de apenas 13,6. Essa diferença de quase quatro vezes mais confirma o dado.