A Micareta de Feira de Santana de 2025 abriu um palco especial para a rica cultura afro-brasileira. Quatorze entidades culturais ligadas a matrizes africanas desfilam pelas avenidas da cidade até este domingo, reafirmando o espaço das manifestações populares negras no maior carnaval fora de época do Brasil.
Essa forte presença é impulsionada por um investimento significativo. O Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura da Bahia (Secult-BA), destinou R$ 8 milhões para a folia deste ano, um recurso vital para o fortalecimento desses grupos.
O Programa que Faz Acontecer
Como esse apoio chega na ponta? A garantia vem pelo Programa Ouro Negro. Essa iniciativa da Secult-BA, em parceria com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), tem um propósito claro: oferecer suporte financeiro.
O programa foca em blocos afros, de afoxés, sambas, reggaes e blocos de inspiração indígena que participam das grandes festas populares e do Carnaval baiano. É um fôlego importante para quem mantém a tradição viva.
O Cortejo Moviafro é um exemplo direto dessa ação. Com cerca de 200 participantes, o grupo desfilou no circuito Maneca Ferreira no sábado. Val Conceição, coordenador do cortejo, destacou como o apoio governamental é essencial. Ele mencionou a dificuldade em conseguir patrocínio de grandes empresas e entidades, tornando a parceria com o Estado “única e fundamental”.
Para o secretário estadual de Cultura, Bruno Monteiro, o Ouro Negro representa um pilar na valorização da diversidade cultural do estado. Ele afirmou que o programa garante a conexão da Micareta, um patrimônio da Bahia e do Brasil, com a ancestralidade. Além de recursos, a iniciativa oferece visibilidade e respeito às tradições de matriz africana.
Olhando para o quadro geral, o investimento total do Governo do Estado na infraestrutura da Micareta este ano alcança R$ 26 milhões. Deste total, R$ 7,5 milhões são direcionados especificamente para a contratação de atrações artísticas, o suporte aos blocos afros e a instalação de um palco dedicado a artistas locais, o Palco Bel da Bonita.
Com a energia da música, a beleza da dança e a força da ancestralidade, os blocos afros continuam a mostrar, na festa, o papel central que a cultura negra ocupa na construção da identidade baiana.