Em uma segunda-feira aparentemente comum, o dia 19 de maio de 1986 se gravou na memória da ufologia como a “Noite Oficial dos Óvnis”. Naquela noite, 21 objetos voadores não identificados foram avistados por civis e militares em quatro estados brasileiros: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás. O episódio é considerado um dos mais significativos da ufologia mundial, com o maior número de testemunhas registrado globalmente, conforme destaca o ufólogo Jackson Luiz Camargo, autor do livro “A Noite Oficial dos UFOs no Brasil”, lançado em 2021.
Os radares do Centro Integrado de Defesa Aérea e de Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) captaram a presença dos objetos, que foram descritos como pontos multicoloridos capazes de realizar manobras impossíveis para as aeronaves da época, como pairar no ar, voar em zigue-zague, fazer curvas em ângulo reto, mudar de cor e atingir velocidades até 15 vezes superiores à do som. Em resposta, o Centro de Operações da Defesa Aérea (CODA) acionou cinco caças da Força Aérea Brasileira (FAB) para interceptar os objetos.
Os pilotos relataram que, à medida que se aproximavam dos alvos, esses desapareciam e reapareciam em outros pontos, escapando tanto da visão quanto dos radares. A situação foi agravada pelo fato de os objetos sobrevoarem instalações estratégicas, como o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e o Centro Técnico Aeroespacial (CTA) em São José dos Campos (SP), além da Academia da Força Aérea (AFA) em Pirassununga (SP).
O evento também foi registrado fotograficamente pelo repórter Adenir Britto do jornal Vale Paraibano, que capturou imagens das luzes multicoloridas. Um mês depois, dois oficiais do CTA, acompanhados pelo ufólogo estadunidense James Hurtak, solicitaram os negativos das fotos ao editor-chefe do jornal, alegando que seriam analisados pela NASA. No entanto, o material nunca foi devolvido.
Quatro dias após a noite dos avistamentos, em 23 de maio de 1986, o então ministro da Aeronáutica, brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima, convocou uma coletiva de imprensa para informar que cinco caças da FAB haviam perseguido 21 UFOs. Ele prometeu ainda a divulgação de um dossiê sobre o caso em 30 dias, mas o relatório só foi publicado 23 anos depois, em 2 de junho de 1986. Assinado pelo interino do Comando da Aeronáutica (COMDA), José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, o documento revelou que todo o material disponível sobre óvnis foi encaminhado ao Arquivo Nacional, mas a Aeronáutica declarou não ter especialistas para investigar ou emitir pareceres científicos sobre tais fenômenos.
