Em uma notável mudança no plano nacional de saúde, o Brasil está se preparando para marcar o fim de uma era: a vacina da gotinha contra a poliomielite. Este imunizante oral, que desempenhou um papel crucial na erradicação da doença paralisante no país desde 1994, será progressivamente substituído pela vacina inativada (injeção) a partir do próximo ano.
O anúncio, feito pela Ministra da Saúde Nísia Trindade na última sexta-feira (7), foi aprovado pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI). Diferentemente do imunizante oral, que contém vírus vivos, mas atenuados, a versão injetável contém um agente infeccioso totalmente inativado. Isso a torna uma opção mais segura, mas igualmente eficaz.
A nova estratégia de imunização contra a poliomielite envolverá quatro doses da vacina inativada. As doses serão administradas aos 2, 4, 6 e aos 15 meses de vida da criança, garantindo uma proteção máxima contra a paralisia infantil. Uma mudança importante é que a dose de reforço, atualmente aplicada aos quatro anos, não será mais necessária.
Embora o Brasil tenha sido declarado livre da poliomielite há quase três décadas, existe um risco constante de reintrodução do vírus. Isso é particularmente preocupante, dada a queda nas taxas de cobertura vacinal. A meta do país é de imunizar 95% das crianças contra a poliomielite, no entanto, em 2022, apenas 77,1% das crianças foram imunizadas.
Em meio a esta revolução na estratégia de vacinação, o icônico Zé Gotinha, um símbolo popular da vacinação infantil inspirado na vacina oral, não será aposentado. Criado pelo artista plástico Darlan Rosa no final dos anos 1980, o Zé Gotinha “continuará na missão de sensibilizar as crianças, os pais e responsáveis em todo o Brasil, participando das ações de imunização e campanhas do Governo Federal”, assegura o Ministério da Saúde.
