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Cenário Político

Franklin Lou coloca família Brandão de volta no comando da Prefeitura de Mata Grande

Avatar De Chicosabetudo

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“Dinheiro na mão é vendaval”. Essa era a frase inicial de uma música muito antiga e também de um ditado muito popular. No pequeno município sertanejo de Mata Grande, essa frase parece que tem se tornado a filosofia de muita gente, principalmente da classe política.

Recentemente foi notícia a prisão e afastamento do prefeito eleito, Erivaldo Mandu (PP), que não completou nem um ano à frente da Prefeitura e já está fora do cargo. Além do gestor, dois vereadores de sua base também tiveram suas prisões decretadas. Um foi preso juntamente com ele, o outro encontra-se foragido.

Mandu já está em casa, porém usando tornozeleira eletrônica, e continua afastado da Prefeitura. Aliás, não pode entrar em nenhum prédio público e nem se ausentar da Comarca onde reside sem autorização da Justiça.

Uma vez afastado, só restou então à Câmara Municipal fazer o que manda a lei: dar posse ao vice-prefeito, que, no caso, é o jovem Franklin Lou (PP), figura muito conhecida por ser filho do ex-prefeito do município Fernando Lou, este que foi derrotado por Jacob Brandão. Sua mãe, Silvana Lou, é uma das vereadoras de Mata Grande.

Segundo informou o próprio Ministério Público do Alagoas, a prisão e afastamento de Erivaldo Mandu e de pelo menos um dos vereadores denunciados ocorreu em virtude de uma denúncia, por meio da qual foi entregue uma filmagem que mostra o então prefeito supostamente pagando propina a edis de sua base aliada, em troca da aprovação de projetos de seu interesse.

Pois bem, tão logo esse fato foi divulgado, os rumores na cidade se espalharam. Nas ruas todos cometam que a prisão e afastamento de Mandu teria sido uma obra arquiteta pela família dos Brandão, mais precisamente pelo ex-vereador Júlio e seu irmão ex-prefeito Jacob Brandão, filhos de Hélio e Cristina Brandão, também ex-prefeitos. A referida família comanda a Prefeitura de Mata Grande por muitos anos e teria apoiado a candidatura de Mandu, então vice de Jacob, no intuito de permanecer no poderio.

Segundo se especula, Erivaldo Mandu não estaria cumprindo com os “acordos” que existiriam entre ele e os Brandão. É que, em troca do apoio político e da cadeira de prefeito, o prefeito eleito teria que pagar uma quantia mensal à família que lhe colocou no poder. Como a quantia seria muito alta, fala-se que Mandu não estava honrando com o “acertado”. Tudo isso, ressalte-se, é especulação dos próprios moradores de Mata Grande que acompanham os bastidores da política local.

Diante da situação, teria restado aos Brandão apenas uma coisa: arquitetar sua saída e fazer o vice-prefeito ascender ao comando do Poder Executivo Municipal. Em troca, Franklin Lou teria que “honrar” com o suposto “acordo” que Mandu não teria honrado.

Essa conversa ganhou ainda mais força popular quando o vice-prefeito, ao ser empossado interinamente como prefeito, nomeou como secretário de Finanças o jovem Netinho Bezerra, pessoa de confiança de Júlio Brandão e sem qualquer vínculo com o novo gestor. Seria, portanto, uma forma dos Brandão continuarem a comandar a Prefeitura.

Além disso, Franklin também nomeou como secretário de Educação Thyago Almeida, residente na cidade de Joaquim Gomes, sem qualquer vínculo com Mata Grande e que, até então, era motorista de Hélio Brandão, esse que foi candidato a prefeito em Joaquim Gomes, onde sua esposa já foi prefeita, mas foi derrotado pelo atual gestor. A nomeação de Thyago foi noticiada pelo site JG Notícias.

A exoneração de toda a equipe de Erivaldo Mandu mostra que Franklin rompeu com ele. Sobretudo, são estranhas as respectivas nomeações de Netinho e Thyago para as Finanças e Educação, pastas mais importantes e que mais recebem verbas públicas. A estranheza se dá também pelo fato dos novos secretários serem pessoas sem qualquer experiência na área que assumem e sem qualquer vínculo com Mata Grande.

Outro fato confirma a teoria de que o afastamento de Erivaldo Mandu tenha sido uma obra dos Brandão. É que foi divulgada uma fotografia onde Franklin Lou, seu pai, Fernando Lou, Júlio e Jacob Brandão aparecem reunidos. Essa foto seria a comprovação de que Mandu foi vítima de uma “arapuca” política e que Júlio e Jacob continuam comandando nos rumos de Mata Grande.

Não há como negar que essa foto é recente e que, diferentemente do que se diz, não foi tirada durante a política, pois, se fosse no período eleitoral, certamente o então candidato a prefeito Erivaldo Mandu também estaria presente à reunião, já que esteve em todas elas.

Tem outro fato que pode ter impulsionado o plano para afastamento de Mandu. É que Mata Grande receberá nesses próximos dias a quantia de R$ 40 milhões de precatórios do antigo Fundef. Essa “bufunfa” milionária seria o grande interesse dos Brandão, mas o prefeito afastado não estaria disposto a colaborar com eles. Só que agora essa grana será destinada à Secretaria Municipal de Educação, que está sendo comandada pelos Brandão, ou melhor, pelo ex-motorista de Hélio Brandão.

O fato é que mais uma vez os Brandão voltam para a Prefeitura, e agora em grande estilo, nomeando inclusive o próprio motorista do pai para chefiar a Educação e outra pessoa para chefiar a Secretaria de Finanças.

Vale lembrar que a Educação de Mata Grande foi o palco de grandes denúncias durante todo o mandato de Jacob, principalmente em virtude do Programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA). Segundo as denúncias, o município teria mais alunos matriculados no programa do que Arapiraca, e, em todo o Estado, apenas Maceió teria mais alunos matriculados no EJA. Um relatório da Controladoria Geral da União (CGU) comprou tais fatos e constatou que até mesmo pessoas mortas estavam matriculadas.

A felicidade é grande dos Brandão e seus fãs, inclusive já tem gente divulgando que, de volta ao poderio, Júlio Brandão será candidato a deputado estadual. Ele, que responde a vários processos por desvios de verbas públicas quando esteve à frente da Câmara Municipal de Vereadores, e é conhecido por sua vida luxuosa, por seus carros importados e por gritar para todos ouvirem: “somos blindados”.

E parece que são mesmo, pois, apesar de todos os escândalos, continuam a desfilar livremente.

Seu irmão Jacob responde também a vários processos na Justiça, mas conseguiu revogar um mandado de prisão contra ele e agora também vai ditar a política matagrandense.

Ao que tudo indica, o fim de Franklin Lou não vai ser dos melhores. Será o único prefeito de Alagoas que nomeou um motorista para secretário de Educação e um desconhecido para o principal posto depois do seu, ou seja, para secretário de Finanças. Já tem gente prevendo que logo ele também vai para a cadeia em uma armadilha.

Muita coisa ainda vai acontecer, no entanto, o certo é que, mais uma vez, quem se prejudica mesmo é o povo. Com R$ 40 milhões poderia ser mudada a realidade de vida de muitas crianças pobres, mas, infelizmente, parece que Mata Grande vai continuar como sempre foi: o povo esquecido e os coronéis “blindados” no poder.

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