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Maternidade transformadora: conheça histórias de empresárias que se inspiraram na gravidez

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Há quem diga que uma mulher nunca mais será a mesma após a maternidade. Mudanças físicas ou comportamentais, não importa. O fato de ser mãe acaba aflorando instintos antes desconhecidos. Prova disso é uma pesquisa realizada pelas escritoras Patricia Travassos e Ana Claudia Konichi, autoras do livro “Minha Mãe é Um Negócio”, que mostra que 67% das mulheres resolveram virar donas do próprio negócio após a maternidade.

Para escrever o livro, elas firmaram uma parceria com a Rede Mulher Empreendedora e realizaram entrevistas com cerca de 200 mulheres de todo o país. “Minha Mãe é Um Negócio” reúne histórias de 35 mulheres que mudaram de carreira e abriram seu próprio negócio após a maternidade para poderem ficar mais perto de seus filhos.

Foto: Bia Fotografia

A mistura de necessidade com criatividade gerou até um nome: mompreneur (mãe empreendedora). O termo é novo no Brasil, mas já bastante comum em países como Estados Unidos e Canadá. O termo é empregado para mulheres que se tornam empresárias depois de se tornarem mães. Parte delas, deixam suas antigas profissões e saem de empregos formais para tornarem-se donas do próprio negócio.

A estilista baiana Úrsula Quaresma, dona da Adocica, entrou para essa estatística enquanto esperava a filha Ana Carolina. “Tudo começou quando eu engravidei e comecei a procurar roupas diferenciadas pra minha filha e não encontrava. Fiz uma pesquisa grande e vi que em Salvador poucas marcas próprias produziam roupas para o mercado infantil”, conta.

Úrsula nunca teve um plano de negócios a ser seguido, tampouco tinha familiaridade com o universo empresarial para lidar com financiamentos, fabricantes, formas de comercialização. “Minha filha foi a grande inspiração, eu não me via trabalhando com o mundo infantil”, relata a baiana.

A marca de roupas atende crianças de 1 a 6 anos e também trabalha com fantasias; tudo é feito dentro do estado. Apesar de não terem loja física, não existe dificuldade para que as roupinhas cheguem até as mamães. “Temos uma malinha, chamada de sweet home. As mães ligam e mandamos a malinha pra casa e elas escolhem as peças, quando recolhemos a mala é realizado o pagamento”, diz a empresária.

Foto: Divulgação

E que tal usar produtos naturais para garantir a higiene e segurança dos seus filhos? Essa foi a ideia da engenheira ambiental Paula Biral e da engenheira biológica portuguesa, Sílvia Martins. Foi durante um encontro de mães em Lençóis, na Chapada Diamantina, que Paula e Sílvia resolveram criar a marca Natursense.

Admiradoras das plantas e  dos itens naturais, elas “sentiram na pele” a dificuldade em encontrar produtos livres de derivados de petróleo, parabenos e conservantes sintéticos. “Quando o Luquinhas nasceu eu tinha terminado o meu doutorado e me dediquei à maternidade, já a Paula, mesmo estando no meio empresarial, estava mais dedicada à casa e ao Théo. As crianças tinham por volta de um ano e meio quando a gente quis reiniciar a vida profissional e, em paralelo, ter a oportunidade de cuidar delas de perto”, revela Sílvia.

Elas contam que o começo não foi fácil, exigiu bastante sacrifício de organização e tempo. “Tivemos que articular muito bem as nossas funções e contar com a ajuda dos pais. Hoje, os meninos entendem o que a gente faz. O Luquinhas sabe que são os sabonetes da mãe e que não pode mexer, já que é na casa da Paula que produzimos os produtos”, detalha Sílvia.

Com sede no município de Lençóis e loja online, a saboaria artesanal produz itens 100% naturais e vegetais, integrando em suas fórmulas óleos e manteigas vegetais de alta qualidade, óleos essenciais, plantas medicinais e aromáticas, flores e sementes que promovem uma ação terapêutica específica em cada sabonete.

Mas, não só os bebês precisam de produtos específicos. E foi a partir desse nicho que a estilista paulista Flávia Mesquita largou o ramo de design de jóias para criar a linha de roupa de amamentação Criando Gente. “A ideia surgiu quando saí da maternidade e viu que não tinha roupa para amamentar, não eram adequadas. Conversei com amigas e vi que ninguém fazia isso. Nos EUA isso é comum, no Brasil não existia até eu começar”.

Foto: Divulgação

A estilista começou com um blog, um ano depois montou um ateliê no fundo de sua casa e a primeira coleção tinha apenas quatro modelos. “Hoje o ateliê funciona na frente da minha casa e tenho em torno de 20 modelos em linha. Temos linha maternidade, festa, dia a dia e casual chique. Também trabalho com todas as sazonalidades”, ressalta Flávia.

Para a paulista o segredo está no contato com as mães. “O trabalho foi de formiguinha. Sempre que mães se reuniam pra falar sobre maternidade eu levava as roupas. Elas começaram a passar umas para as outras. Até porque no começo eu testava tudo em mim e nas minhas amigas”, lembra a mãe do Bruno e do Thomas. “Eles me inspiram muito a criar, a ter as cores e modelos”, finaliza.

Linhas de Crédito

Todas as três mães acima usaram suas próprias economias para investir no negócio, mas, muitos bancos oferecem aquela ajudinha para as mamães que possuem esse desejo e não têm o dinheiro para abrir o empreendimento. Existe o microcrédito, que é um crédito individual direcionado para quem trabalha por conta própria, donos de pequenos negócios formais (com CNPJ) ou informais (sem CNPJ) há no mínimo um ano, como por exemplo, um salão de beleza, uma lanchonete ou um mercadinho.

“O valor mínimo que pode ser solicitado nessa modalidade de crédito é de R$ 400, sendo que o máximo para a primeira solicitação é de R$ 5 mil, mas nas próximas necessidades o valor pode ser de até R$ 14,2 mil, com taxas de juros reduzidas.”, explica o economista e gerente de negócios do Itaú, Francinei Pires.

Segundo o economista, a análise é feita por um agente de microcrédito do banco, que visita o empreendimento ou local de trabalho. O profissional orienta o planejamento e a aplicação do crédito de acordo com as necessidades financeiras do negócio. Após a aprovação, o dinheiro será depositado na conta-corrente, conta poupança ou poderá ser retirado em qualquer agência do banco escolhido, por ordem de pagamento.

De acordo com Francinei, através de um laptop, internet e smartphone, já é possível dar início à pesquisa do mercado de atuação, concorrência, elaborar um plano de negócios, traçar estratégias de divulgação, etc. Tudo isso pode ser também em paralelo a uma carreira. “O empreendedor pode trabalhar no seu negócio à noite ou nos finais de semana até o negócio começar a ficar mais encorpado”, aconselha.

Cursos de Capacitação

Foto: Divulgação

Apesar de não fornecer linha de crédito, o Sebrae oferece a essas novas empreendedoras a chance de alavancarem e gerirem melhor seus negócios. “Eu e a Paula fizemos três oficinas de capacitação. A Sei empreender; Sei planejar; e a Sei controlar, que foi oferecido pelo Sebrae nenhum custo”, conta a sócia da Natursense.

Já para Úrsula, o Sebrae foi um divisor de águas. “Sempre participo dos projetos do Sebrae. Tivemos um projeto ano passado e fomos a Milão. Foi um divisor de águas, conheci o modelo de negócios de família lá. A minha empresa foi toda orientada por um consultor do Sebrae, da página no Facebook à loja virtual”, diz.

A instituição de capacitação ainda  tem um prêmio específico para essas mulheres, o Sebrae Mulher de Negócios, que tem como objetivo identificar, selecionar e premiar os relatos de vida de mulheres empreendedoras de todo o país, as quais transformaram seus sonhos em realidade e cuja história de vida hoje é exemplo para outras que possuem o mesmo sonho. Premiando assim as melhores iniciativas do público feminino no empreendedorismo brasileiro.

Lorena Souza é participante da 8ª turma do Correio de Futuro

Fonte: Correio 24 horas

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